Corridinho - Adélia Prado
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta, com seus olhos cediços, põe caco de vidro no muro para o amor desistir.
O amor usa o correio, o correio trapaceia, a carta não chega, o amor fica sem saber se é ou não é. O amor pega o cavalo, desembarca do trem, chega na porta cansado de tanto caminhar a pé. Fala a palavra açucena, pede água, bebe café, dorme na sua presença, chupa bala de hortelã. Tudo manha, truque, engenho: é descuidar, o amor te pega, te come, te molha todo. Mas água o amor não é.
28.6.09
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1 comment:
adorei muito esse teu cantinho!
beijo
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